00 - Prólogo
Chega o crepúsculo. Os comerciantes recolhem suas mercadorias; os religiosos começam suas orações pelas ruas, acendendo lamparinas por toda a cidadela para espantar a escuridão da noite; crianças que corriam e brincavam pela praça central da cidadela de Aimaran agora correm para suas casas, respondendo ao chamado dos pais. Dentro de alguns minutos, a guarda da cidadela será substituída por homens descansados, apenas por rotina, pois há muito tempo a capital do império vallaryano vive em paz, apesar da guerra que acontece há anos em suas fronteiras a leste. Um bando de pássaros voa e se destaca no belo cenário, formado pelos prédios baixos da cidade, pelo grande rio valar e pelas nuvens alaranjadas no céu.
01
O homem que andava pela estrada velha olhou para trás curioso. Vários passos atrás vinha a silhueta de uma carroça puxada por um boi. Por trás dela, o sol se escondia nas nuvens que começavam a ficar mais pesadas no fim da tarde. Voltou a olhar para frente e seguiu andando no mesmo ritmo sabendo que logo seria alcançado.
02
Olhando alguns poucos dias atrás, Khorin jamais pensaria que a sua sorte poderia virar de forma tão drástica. Enquanto corria pelas ruas e becos de Veromon tentava entender o que fizera de errado para alertar a guarda. A missão dada – sua primeira missão em uma capital – era simples e clara: coletar todo tipo de informações sobre o duque Albaran Ér, o duque traidor – como seu pai havia se referido a ele. Quem eram suas pessoas de confiança, com que tipo de gente andava, o que o povo comum pensava sobre ele e se algum membro da nobreza apoiava seus ideais; quais seriam seus próximos passos: para onde iria, onde ficaria, e claro, porque desejava a paz entre vallarianos e hurrgals. Estas informações Khorin poderia conseguir com algumas perguntas certeiras e que provavelmente não levantariam nenhuma suspeita. Bastava seguir as recomendações de seus amigos e superiores. Mas em algum momento, tudo dera errado e enquanto corria dos gritos dos guardas da cidade, tentava juntar as peças para encontrar seu erro.
03
A comitiva do rei seguia pela estrada Rio de Pedra rumo à capital de Termon. Era um dia chuvoso de primavera e apesar do constante cuidado dos grão-duques com a estrada, a chuva fina e constante fazia com que a lama voltasse, fazendo com que o que seria uma viagem tranquila de dois dias pudesse se tornar uma cansativa de no mínimo três. Vendo que o sol não apareceria tão cedo, o capitão da guarda real, Ludon, enviou mensageiros para todas as três capitais ao norte: respectivamente Pádalin, Vallin e Termon, dizendo que seria necessária uma parada em cada uma das capitais e informando ao grão-duque de Termon o motivo do atraso.